MASMORRA DA ALMA



Cela pálida de inebriante amargor

Recôndito sombrio, pintado pelo horror

Ar putrefato infestado de torpor

Cântico fúnebre com notas pornô



Senzala úmida e vazia de amor

Alma inebriada de dor

Sotão repleto de furor

Verdadeira casa do terror



Silêncio ensurdecedor

Sorriso escarnecedor

Visão nua do interior



Andar desnorteador

Vida sem sabor

Descrição de uma ovelha sem Pastor

A VITÓRIA DE CRISTO



Ele estava nos braços da morte. Suas últimas palavras lutavam para se libertar de seus lábios arroxeados. A respiração era ofegante. Os olhos baços e enevoados. A face empalidecida. A voz dissonante. A vida se apagava como uma vela que chega ao fim. Aqueles eram seus últimos momentos. Sua missão parecia naufragar. Faltava apenas o último suspiro. A coroa de espinhos se incumbia de pintar sua face de escarlate. Momentos torturantes, segundos agonizantes, dor lancinante um desbarato infante.

O quadro era tenebroso. Parecia que tudo tinha sido em vão. Assassinaram o Senhor da vida com a mais vergonhosa das penas romanas. Julgamento injusto repleto de sofreguidão. Cristo era o maldito preso a um madeiro. Abandono, traição, solidão, uma cruz horripilante, uma prisão... A atmosfera era maligna. Gargalhadas ecoavam pelo monte. Satanás estava inebriado. Experimentava um cálice transbordante de satisfação por apreciar aquele cenário fúnebre e de cadavérica sensação.

Mas havia algo disforme no Gólgota. Inexplicavelmente o ar estava aromatizado de amor sacrificial. Exalava das chagas de Cristo uma delicada fragrância de vida celestial. Havia no monte da caveira um sentimento paradoxal.  Satanás não percebia, mas o penhor da morte era gravado em um vitral. O calcanhar mordido de Cristo se tornava a pisadura na serpente em instância final.

Os principados e potestades foram expostos. Toda a nudez descoberta. Vergonha, humilhação, uma cruel sensação. O riso diabólico se tornou em pranto. O folguedo em canto fúnebre. Houve triunfo, houve triunfo! Cristo venceu a morte. O que parecia uma vitória avassaladora do mal, não passava da mais horrenda derrota eternal.                        
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  (I Co.15:55)

UM CRENTE PODE TER AMIZADE COM UM DESCRENTE?



    Encontramos no primeiro verso do salmo 1 a seguinte descrição:

Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.

  Não ande (no conselho dos ímpios), não se detenha (no caminho dos pecadores), nem se assente (na roda dos escarnecedores) – O que nós temos neste verso é o que podemos chamar de uma progressão da maldade. Alguém andando no conselho, parando no caminho e assentando-se na roda. Temos aqui um recurso linguístico, uma figura de linguagem para mostrar o homem se afundando cada vez mais no lamaçal.

As três classificações: “ímpios”, “pecadores” e “escarnecedores” se referem ao mesmo grupo de pessoas, aquelas que não conhecem a Deus e são rebeldes a sua vontade. O propósito do autor neste salmo é descrito de maneira poética, por isso é um pouquinho difícil de perceber bem, mas com esta progressão, ele deseja abranger a vida inteira de um ímpio. Mas neste texto trabalharemos apenas um aspecto.

Não ande no conselho dos ímpios” - A ideia do texto não é que você não participe de nenhuma conversa que envolva ímpios. Não se trata de um simples não dar ouvidos a opinião de um incrédulo. Não significa que alguém que não é crente nunca possa dar um bom conselho. Não é este o ensino que o texto quer defender. A ideia é muito mais forte e ampla. Talvez para que possamos ter uma noção melhor devamos substituir a palavra “conselho” que aparece no verso 1 por “desígnio” ou “propósito”.

O que o verso quer nos ensinar de fato é que devemos ter cuidado de não compartilhar dos mesmos anseios, ter os mesmos alvos, as mesmas metas, os mesmos objetivos, a mesma vontade e a mesma razão de viver dos incrédulos. Não andar nos conselhos dos ímpios, não se trata de uma proibição ao diálogo amigável, na verdade significa não andar segundo o palpitar do coração do ímpio. Logicamente que reconhecemos a influência negativa que alguém pode ter sobre outra, mas de fato, o texto se refere a algo mais sutil e importante. Trata-se de compartilhar das mesmas afeições de alguém que não conhece a Deus. Sendo assim, entendo que a amizade com os descrentes não é o cerne da questão neste texto como tão popularmente se apregoa.

O salmo 33 pode lançar luz sobre o texto que estamos meditando. Sl.33:10,11

O SENHOR frustra os desígnios (É a mesma palavra de conselho do salmo 1, ou seja, vontade) das nações e anula os intentos dos povos.
O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações. (Neste verso observamos a palavra conselho sendo usada como sinônimo de desígnios)

     A palavra “conselho” no salmo 1 traz a tona o que está no coração, mas não foi ainda colocado em prática. Note que o primeiro cuidado que devemos ter é com o nosso coração e mente. O primeiro “não” que precisamos conceder é para os apelos do mundo que atingem como uma flecha o nosso coração, que abalam os nossos desejos. A primeira batalha que precisa ser vencida é no campo dos sentimentos e emoções, no campo dos desejos.

      Não permitamos que nosso coração seja um solo fértil para o pecado. As ideias e as tentações que se escondem no lugarzinho mais escuro da nossa alma, onde as pessoas não podem ver, devem ser extirpados. Não podemos andar de mãos dadas com os desejos pecaminosos, com vontades deturpadas, amando as coisas que o mundo oferece. O que o autor nos afirma é que jamais poderemos ser felizes, enquanto continuarmos sentindo o mesmo que aqueles que não conhecem a Deus sentem.

     E quanto a pergunta: Posso ou não posso ter amizade com descrentes? Minha resposta é a seguinte: Não uso mais o salmo 1 para defender de maneira objetiva que não possa haver esta possibilidade, mas creio que vários outros textos bíblicos são claros quanto a esta questão, como por exemplo, 2 Co.6:14-18. Uma outra questão importante é a definição de amizade. Creio que possa haver coleguismo, mas amizade real e profunda creio ser muito improvável, por não partilharem dos mesmos valores, prioridades e principalmente por não amarem o mesmo Senhor.

DEUS E A LUA DE MEL



OBS1 - A foto é apenas de caráter ilustrativo, qualquer semelhança é  mera coincidência.
OBS2 - Este texto é uma continuação de uma publicação escrita anteriormente sobre o valor e a importância do matrimônio. Se você não leu ainda o primeiro, acesse o link abaixo, antes de continuar lendo este, para que a compreensão do assunto possa ser maximizada.


No post passado, afirmei que citaria seis passagens bíblicas que pintavam poeticamente o casamento como um jardim. Se você é um leitor atento, certamente notou que citei apenas cinco. Guardei   a sexta e última para tratar exclusivamente, devido ao caráter especial da mesma. Esta é:

Cantares 5:1  Já entrei no meu jardim, minha irmã, noiva minha; colhi a minha mirra com a especiaria, comi o meu favo com o mel, bebi o meu vinho com o leite. Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados.

Seguindo a cronologia do livro de Cantares, no capítulo cinco, o casamento já foi realizado. O texto começa então, a partir deste ponto a discorrer acerca da noite de núpcias, ou seja, a famosa lua de mel. A área sexual é mencionada de maneira muito direta e clara. E é neste ponto que temos o clímax do livro de Cantares. Estamos diante do ápice do cântico, mas por ser demarcado por uma estrutura linguística tipicamente hebraica, corremos o risco de não perceber esta ênfase na versão em língua portuguesa. É de suma relevância atentarmos para o contexto e notarmos que após Salomão falar no versículo 1 do capítulo 5, temos uma terceira pessoa entrando no discurso e pronunciando as seguintes bençãos:

“Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados”.

A pergunta que precisamos fazer a esta altura é: quem está a pronunciar este conselho em plena noite de núpcias? Note que o conselho está sendo dado num momento exclusivo e íntimo do casal. Qualquer interferência externa seria catastrófica, por isso, somos obrigados pela força do contexto e da estrutura do livro, afirmar que é Deus quem está a abençoar o casal. E é justamente neste ponto que se encontra a beleza do livro de Cantares. 

          Toda a estrutura literária do livro (quiasmo) aponta para esta passagem como sendo central. Temos aqui a benção de Deus sendo anunciada. É o próprio Deus quem deseja que o casal possa usufruir dos prazeres do matrimônio e que o amor possa ser amplamente gozado.

Mais uma vez, o jardim (casamento) deve ser visto como um local abençoado por Deus. Um jardim exclusivo e que  nos foi dado para deleite e satisfação da alma. Temos claramente o aval de Deus para o sexo dentro do casamento. Note então, que não há razão para tratarmos o sexo como um "Tabu", pois Deus na sua palavra trata abertamente deste assunto. Não qualquer sexo, mas um sexo que sacia, que embriaga, sexo que realiza, que preenche e mais importante, sexo abençoado. Medite e aplique as palavras do próprio Deus em seu casamento:

“Comei e bebei, amigos; bebei fartamente, ó amados.”

VOCÊ É UM CRENTE QUENTE?



Se existisse um termômetro que pudesse ser colocado no teu coração e fosse capaz de medir a temperatura do teu relacionamento com Deus, quantos graus você acha que ele marcaria? O°C, ou seja, um relacionamento bem frio que já está entrando no estado de solidificação (petrificação)? 36°C, um relacionamento mediano, comum e normal? Uma marca sem relevância por ser a temperatura que caracteriza a maioria das pessoas? Ou 100°C, um relacionamento em plena ebulição, ou seja, uma intimidade grandiosa e contagiante?

Intimidade com Deus, o que pode haver de mais importante na vida? Gostaria de propor que você pare por um momento e responda honestamente diante de Deus a seguinte questão: qual o teu distanciamento hoje do Pai? 100 km? 50 km? 1 km? 50 m? 1 m? 1 cm? 1 mm? Se você pudesse pensar em uma analogia entre o teu relacionamento com Deus e o teu relacionamento com alguém que você conhece, com qual compararia?

·       Será que o teu relacionamento com Deus está parecendo com o teu relacionamento com o porteiro do prédio? Você o cumprimenta pela manhã e pela noite e suas palavras são sempre frias, polidas e educadas?  

·       Será que o teu relacionamento com Deus pode ser comparado com a sua intimidade com o patrão da empresa em que trabalha? Onde você, na maioria das vezes, só deseja vê-lo se o assunto for relativo a uma promoção ou gratificação salarial (bênçãos)?

·       Será que o teu relacionamento com Deus se parece com o teu contato com um médico? Onde, com raras exceções, você só o procura quando está precisando de um diagnóstico e tratamento para solucionar a sua dor?

·       Ou será que você afirmaria como Jonathan Aitken, antigo membro do parlamento da Grã-Bretanha, que comparou seu relacionamento com Deus com o que tinha com o gerente do seu banco? “Eu falava com ele educadamente, visitava seu local de trabalho de vez em quando, às vezes pedia-lhe um pequeno favor ou saque a descoberto para resolver algum problema ou dificuldade, agradecia-lhe com ares de superioridade sua atenção, cultivava a aparência de cliente razoavelmente confiável e mantinha com ele um contato superficial, acreditando que um dia qualquer ele me poderia ser útil”.

Você não pode terminar de ler este texto sem responder a pergunta: Como está o teu relacionamento com Deus? Não se conforme com a superficialidade. Desenvolva a cada dia sua intimidade com o Pai, pois afinal de contas você é um filho amado de Deus. Siga o exemplo do patriarca Abraão que devido sua intimidade com Deus acabou sendo citado nas escrituras como amigo de Deus! Tg.2:23

Cuidado com o esfriamento e distanciamento de Deus. Também não se conforme em apenas ser um crente medíocre. Minha oração é que a temperatura do seu coração em relação a Deus esteja subindo tão rapidamente que logo alcance as alturas dos céus.

Ponto prático: Como esquentar minha intimidade com Deus? Resposta: ORE! Cultive a disciplina da oração e notará uma grande transformação em sua vida espiritual. Seja um crente quente, logicamente, no melhor dos sentidos.

POR QUE CASAR?



O casamento é um dos momentos mais importantes e marcantes na vida de uma pessoa. Há muitas brincadeiras quando se fala de casamento. Certa vez ouvi um rapaz dizer: “Se casamento fosse bom não precisaria de testemunhas.” Outros ainda afirmam: “o fardo do casamento é tão pesado que precisa de duas pessoas para carregá-lo”. “O casamento é uma tragédia tão grande que precisa de duas confirmações: civil e religioso”. “Casar é colocar a cabeça na forca.” “Casar é ir a passos lentos para  uma prisão que tem por símbolo um círculo dourado”. “Casar é assinar o atestado de óbito da liberdade”.


Estas e muitas outras frases são ditas frequentemente. Mas deixando de lado todas estas opiniões popularescas e, diga-se de passagem, nada relevantes, vamos atentar para como Deus descreve o casamento.


É preciso afirmar categoricamente que para Deus o casamento é um pacto sublime, é um estado elevado de beleza, um local privilegiado, um ambiente repleto de prazeres e sensações maravilhosas; e é exatamente devido a esta visão elevada do casamento por parte de Deus, que um livro inteiro na Bíblia foi dedicado ao relacionamento conjugal.


O livro de Cantares é uma obra poética. E não poderia ser diferente. O casamento é uma aliança tão magnífica e tão preciosa que apenas a poesia é capaz de expressá-lo bem. O título original do livro é cântico dos cânticos. Esta é uma expressão traduzida literalmente do hebraico. Cântico dos cânticos porque se refere ao melhor dos cânticos, o mais elevado, o mais belo. Cantares é a exaltação do projeto de Deus para o homem e para a mulher. É uma música que exalta a criação da família por Deus. É uma espécie de marcha nupcial.

          Assim como o mundo usa diversas figuras negativas para caracterizar o casamento, Deus também se utiliza de imagens, mas positivas. Neste post desejo tratar apenas de uma destas admiráveis figuras.

         No livro de cantares temos o casamento sendo representado pela figura, muito propícia, de um jardim. Vamos fazer um passeio rápido em cantares em ler as seis passagens que citam este jardim.

Cantares 4:12  Jardim  fechado és tu, minha irmã, noiva minha, manancial recluso, fonte selada.

Cantares 4:15  És fonte dos jardins, poço das águas vivas, torrentes que correm do Líbano!


Cantares 4:16  Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim , para que se derramem os seus aromas. Ah! Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos excelentes!

Cantares 6:2  O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de bálsamo, para pastorear nos jardins e para colher os lírios.

Cantares 6:11  Desci ao jardim das nogueiras, para mirar os renovos do vale, para ver se brotavam as vides, se floresciam as romeiras.


O casamento é retratado como um jardim de Deus, para que nós possamos ter sensações únicas e exclusivas. É a esta êxtase de amor que Cantares deseja levar um homem e uma mulher. O casamento foi criado por Deus para que nós usufruamos dele como um gostoso e refrescante jardim.

         Um casamento sem graça, sem beleza, sem prazeres, sem admiração e sem desejos; não foi o que Deus planejou para vocês. Lembrem-se, Deus deseja que vocês usufruam de um arrebatador jardim e não de um deserto árido e seco. Deus deseja que vocês possam se deliciar com o perfume suave das rosas, com a brisa refrescante do campo, com as cores fortes da relva. Lembre-se que mesmo no mais belo dos jardins haverá espinhos, mas nem por isso, deixa de ser um local agradabilíssimo e cheio de frescor. Aprenda a lidar com as dificuldades e fixe sempre seus os olhos na paisagem estonteante que Deus permitiu que você contemplasse.

         Quero encerrar com uma advertência. O jardim foi dado por Deus, mas a manutenção foi deixada sobre nossa responsabilidade. Se seu jardim está desértico e feio, a culpa não é de Deus, e sim, dos jardineiros relapsos. Cuide com muita diligência do jardim que Deus te deu e sempre poderá inalar o perfume do amor quando o sol raiar.

          Se você é um leitor atento falei que mencionaria seis passagens que descrevem o relacionamento conjugal com um jardim. Citei cinco e reservo para o próximo post a sexta citação. Que Deus te abençoe.

Ágape, Filéo ou Eros?



Certamente você já ouviu falar nos tipos de amor da língua grega; amor Ágape, amor Eros e amor Filéo. O que temos aprendido acerca destas tipificações, ao longo dos anos, é que: Ágape é o amor divino, o amor sacrificial, o amor que é dado sem exigir nada em troca. O amor Eros é o amor sexual, visual, sensitivo e carnal. Não é por acaso que é desta palavra que surge o vocábulo "erótico" e "erotismo". Também conhecemos o amor Filéo, que  é o amor entre familiares, mãe e filhos, pai e filhos etc. Mas o que infelizmente não sabemos ainda é que esta divisão semântica de tipos de amor no grego, não existe. Como assim inexiste? Vamos com calma, vou tentar explicar melhor através da análise de algumas passagens bíblicas. Vamos começar lendo:

·       Gênesis 34:3

Sua alma se apegou a Diná, filha de Jacó, e amou a jovem, e falou-lhe ao coração.

Mediante a classificação que você conhece, que tipo de amor estaria sendo usado neste texto? Filéo? Não, certamente não. Ágape? Jamais. Estamos diante de um texto claro onde o uso deve/precisa ser Eros, pois afinal de contas, o texto trata de uma atração sexual que redundou em um estupro. Mas quer saber uma curiosidade? Na LXX (Septuaginta), a tradução do A.T. em hebraico para o grego, a palavra que foi utilizada para descrever aquela atração doentia foi ÁGAPE. Note:

καὶ προσέσχεν τῇ ψυχῇ Δινας τῆς θυγατρὸς Ιακωβ καὶ ἠγάπησεν (Ágapeτὴν παρθένον καὶ ἐλάλησεν κατὰ τὴν διάνοιαν τῆς παρθένου αὐτῇ (Gn. 34:3 LXX)

Estranho não é? Ficou confuso? Calma, vamos continuar a análise com outros exemplos:

·       I Re.11:1,2 -

1 Ora, além da filha de Faraó, amou Salomão muitas mulheres estrangeiras: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias,
2  mulheres das nações de que havia o SENHOR dito aos filhos de Israel: Não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor.

Seguindo a lógica que aprendemos da tipificação do amor, que classificação deveríamos dar a este amor de Salomão? Amor Filéo? De jeito nenhum! Ágape? Nunca! Note que estamos diante de mais um exemplo, onde o uso deve obrigatoriamente ser Eros. Pois afinal, o texto fala de uma atração sexual, um amor entre homem e mulher, alíás mulheres no plural. Certamente não estamos diante de um amor sublime ou filial, pois este amor era tão insano que acabou levando Salomão à idolatria. Está curioso para saber como este amor está citado no grego? Na LXX, a palavra que foi utilizada para descrever esta atração foi tanto FILÉO como ÁGAPE. Como assim? Exatamente. Note que foram citados os únicos tipos de amor que não poderiam ser. E um detalhe importante a ser notado é que o mesmo amor pelas mulheres é citado com palavras gregas diferentes. Filéo e Agápe de maneira intercambiável. Eis o texto:

καὶ ὁ βασιλεὺς Σαλωμων ἦν φιλογύναιος (Filéoκαὶ ἦσαν αὐτῷ ἄρχουσαι ἑπτακόσιαι καὶ παλλακαὶ τριακόσιαι καὶ ἔλαβεν γυναῖκας ἀλλοτρίας καὶ τὴν θυγατέρα Φαραω Μωαβίτιδας Αμμανίτιδας Σύρας καὶ Ιδουμαίας Χετταίας καὶ Αμορραίας
2  ἐκ τῶν ἐθνῶν ὧν ἀπεῖπεν κύριος τοῖς υἱοῖς Ισραηλ οὐκ εἰσελεύσεσθε εἰς αὐτούς καὶ αὐτοὶ οὐκ εἰσελεύσονται εἰς ὑμᾶς μὴ ἐκκλίνωσιν τὰς καρδίας ὑμῶν ὀπίσω εἰδώλων αὐτῶν εἰς αὐτοὺς ἐκολλήθη Σαλωμων τοῦ ἀγαπῆσαι  (Ágape(1Re.11:1-2 LXX)

            Estranho? Esquisito? Vai contra tudo o que você tem aprendido até hoje? Continuemos com um último exemplo:

·       João 16:27  -

Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes crido que eu vim da parte de Deus.

Neste texto estamos diante do amor de Deus por nós. Sem identificarmos ainda no texto grego a palavra usada, que tipo de amor você diria que é este? Eros? Amor sexual? Logicamente que não. Seria uma heresia. Filéo? Também não, pois não se trata de um amor entre iguais em um relacionamento. Estão-se tratando do amor de Deus,  só nos restaria uma opção, o amor sublime, sacrificial e divinal, conhecido como Ágape. Será? Notemos:

αὐτὸς γὰρ ὁ πατὴρ φιλεῖ (Filéo) ὑμᾶς, ὅτι ὑμεῖς ἐμὲ πεφιλήκατε καὶ πεπιστεύκατε ὅτι ἐγὼ παρὰ [τοῦ] θεοῦ ἐξῆλθον. (Jo.16:27 BGT)

Estamos diante de um caso onde Deus ama de maneira Filéo. Heresia? Logico que não! E como explicar? Chegamos agora ao clímax deste post. Preste bem atenção: todas estas passagens estão sendo utilizadas para confrontar esta ideia errada sobre os tipos de amor que um dia recebemos. Amado leitor, o que quero te informar é que  não existe esta diferenciação, ou tipos de amores. Em outras palavras, Ágape, Filéo e Eros são simplesmente sinônimos. Sei que esta ideia será esquisita a primeira vista, devido a já termos cristalizado o conceito da diferenciação dos amores, mas é importante este confronto para não aprendermos e aplicarmos as escrituras de maneira errada.

Talvez então surja na sua cabeça a seguinte pergunta: Se são sinônimos como posso saber a que amor se refere o texto? É sexual, sacrificial? Você a partir de agora, não definirá o amor pela simples forma que aparece, mas as características do amor serão dadas pelo contexto e não pelo tipo de palavra. Ou seja, se é Ágape ou Filéo no texto grego é o que menos importa, em muitos casos trata-se apenas de estilística.

Espero ter ajudado, mais do que confundido. Abraço

O SEGREDO DO DIABO



            Você sabia que o diabo guarda um segredo debaixo de sete chaves? Sabe qual é? O nome deste segredo é Evangelho. Fato é que quanto menos espalharmos este segredo, mais fiéis a satanás nos tornaremos. Mas não é apenas em silêncio que somos cúmplices e coniventes com o diabo, quando o Evangelho é modificado o segredo também se mantem resguardado. E este é o maior problema dos nossos dias. Um evangelho tão superficial e deturpado que acaba por se caracterizar numa estratégia quase que perfeita por parte do demônio. O segredo continua restrito, vamos espalhar?

Não é novidade para nenhum cristão que Evangelho significa boas novas ou boas notícias. A novidade hodierna é o tipo de evangelho que está sendo anunciado. Desejo chamar a sua atenção para o conteúdo do que se define como evangelho. É importante entender que podemos estar tencionando pregar boas novas, ter as melhores das intenções e um desejo nobre, mas infelizmente podemos estar simplesmente pregando apenas más novas.

O compromisso de quem deseja ser conhecido como evangelista é com uma mensagem exclusivamente bíblica. O conteúdo é primordial, pois a diferença, entre o que é evangelho e o que não é, gira exatamente em torno das informações anunciadas.

 Proclamar os benefícios do reino, falar dos prazeres do céu, falar sobre a paz advinda ao coração, pregar sobre a mudança social que ocorre a partir de uma vida compromissada com Cristo, sem proclamar como as pessoas podem usufruir destes benefícios é maldade. Evangelho que não exorta as pessoas a arrependerem-se e obterem o perdão de seus pecados pela fé no sacrifício substitutivo de Cristo – não é pregar boas notícias. Isto seria na verdade, péssimas notícias, já que não se concede às pessoas a maneira de serem incluídas neste reino maravilhoso.

Precisamos entender rapidamente que o Evangelho do reino não é meramente uma descrição do reino, ou uma lista exaustiva dos benefícios deste. As boas novas são caracterizadas pela ênfase no meio, no processo e no conteúdo pelo qual alguém pode usufruir de tais bênçãos espirituais. É uma espécie de mapa para o tesouro celestial. Se esta carta geográfica que indica o caminho for ocultada, os homens estarão perdidos definitivamente. Note:

·       Como você se sentiria se alguém descrevesse uma experiência maravilhosa, narrasse uma sensação única e não te dissesse como você também pode obtê-la?
·       Qual a graça de simplesmente ter a descrição de um prato saborosíssimo e não poder degustá-lo?
·       Qual o prazer de ler a fórmula química de uma famosa fragrância e não poder aspirá-la?
·       Usando um linguajar bíblico, que validade há em saber da existência de um mundo belíssimo, cheio de cores e não poder vê-lo, ser um cego?
·       Que benefício tem em saber que existe uma vida maravilhosa, cheia de paz e alegria, quando simplesmente estamos mortos?
·       Que adianta saber acerca da delicadeza da superfície de uma pétala e não poder senti-la?
·       Que vantagem há em ser informado acerca de uma melodia arrebatadora e não poder ouvi-la?
·       Que adianta descrever um circo cheio de malabares, palhaços e animais para uma criança e não levá-la até lá?
·       Que podemos ganhar em saber que no parque tem uma montanha russa radical, uma roda gigante imensa, sorvete etc., mas não sabemos o caminho para chegar até lá?
·       Em outras palavras: que proveito há em ganhar o mundo inteiro e perder a alma?

Quando pregamos o “evangelho” dos benefícios e nos isentamos de falar de temas prioritários como: pecado, culpa, inferno, arrependimento e cruz; estamos na realidade pregando más notícias. Âh? Como assim? É verdade, são notificas infernais, pois este tipo de evangelho barateado, na verdade, coloca água na boca do indivíduo, mas não mata sua sede e sua fome. Não é por acaso que o Evangelho verdadeiro é conhecido como o segredo mais bem guardado do inferno, pois enquanto esta cópia pirateada do evangelho estiver sendo pregada, as hostes infernais estarão em festa.

A grande verdade é que “como qualquer droga recreativa, o ‘cristianismo light’ pode fazer as pessoas se sentirem melhores por um momento, mas não reconcilia o pecador com Deus".

Na próxima vez que for evangelizar, reflita: Que tipo de notícia estou levando: Boas novas ou “o evangelho do diabo”? Lembre-se: O caminho até o céu é apertado, espinhoso, um calvário que leva a morte, mas como bons guias, só nos cabe indicar o trecho correto, pois sabemos que ele é o único percurso para quem deseja fazer uma viagem para junto de Deus.

Abra bem os olhos, pois todo e qualquer outro caminho leva ao inferno. O segredo do diabo continua restrito, vamos espalhar? Que Deus te abençoe.



Sangue do meu sangue

Talvez você já tenha escutado esta expressão aparentemente inofensiva: “Fulano é sangue do meu sangue”. Esta é uma declaração que está repleta de sentimentos nas entrelinhas, pois denota todo o orgulho de um clã, transmite o brio de uma genealogia, a altivez de um brasão familiar e até mesmo alude a uma afeição insana que conhecemos como racismo.

Pertenço aos “Pereiras”, sou descendente de “judeu”, sou branco com orgulho etc... Note que todas estas identificações são sempre o conteúdo de brados soberbos. Uma espécie de grito ou hino dos que de alguma forma se acham superiores. O que desejo chamar sua atenção é que qualquer aparência com Hitler e a superioridade dos arianos não é mera coincidência, pois foi exatamente este tipo de ideologia que impulsionou o Füller ao holocausto no 3º Reich.

Há pouco tempo atrás, ouvi uma afirmação que a ideologia do “sangue do meu sangue” é uma espécie de paralelo com a expressão bíblica mencionada no livro de Gn. 2:23  “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne...” Sim, precisamos reconhecer que existe certa analogia semântica, mas logicamente que no caso do facínora alemão, ele não se utilizou de um embasamento bíblico, pois suas ações têm como pressupostos a filosofia ateísta e a pureza da raça (seletividade e sobrevivência dos biologicamente mais fortes) - teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin.

Apesar da aparência superficial das asserções, quando Adão pronunciou: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” ele não teve como propósito o orgulho racial ou um sentimento de superioridade. O primeiro homem, com aquele brado, estava demonstrando alegria e a gratidão pela providência de Deus. Ele agora tinha alguém para compartilhar sua vida, sua solidão finalmente tinha acabado. E se atentarmos para o texto bíblico, podemos até notar que Eva não era sangue de seu sangue, mas costela de sua costela, kkkkkkk.

     Com o mínimo de discernimento, podemos facilmente detectar que o objetivo da afirmação de Adão está muito distante de um orgulho pecaminoso que acaba por embasar o preconceito e o racismo. Lembre-se que o pecado ainda não tinha adentrado no Éden até esta declaração de Adão.

Estou trazendo esta temática para refletirmos um pouco, pois sempre me deparo com este tipo de orgulho “santo” que acaba levando as pessoas a uma atitude de menosprezo em relação a outros grupos. Cuidado com estas ideias anticristãs escondidas no seu coração, que são transmitidas inconscientemente por seus lábios. Se você é cristão, gostaria que pensasse menos no conceito de raça (conceito biológico) e se aprofundasse mais no conceito de etnia (conceito cultural). Cuidado com as filosofias ateístas cingidas de pele cristã!

Atente que biblicamente somos todos unidos a Adão por sermos a imagem e semelhança de Deus. Toda a humanidade possui a mesma ancestralidade, e posso garantir que não é “Macaquiana”, e sim, Adâmica. Você é negro, branco, amarelo ou índio? Saiba que é meu irmão em Adão, ou seja: É sangue do meu sangue! Agora sim, é neste sentido que a expressão pode ser utilizada, não como sectária e sim como  agregadora. Pare para pensar por um instante e notará que somos mais parecidos do que possamos imaginar, pois somos solidários, até mesmo, no pecado original, mas este é um assunto para outro Post.

Alarguemos nossas fronteiras "racistas/preconceituosas", pois somente assim, poderemos cumprir a ordem dada por Cristo na grande comissão, Mt.28:19 - "Ide, portanto, fazei discípulos de TODAS as nações". Indico com veemência a leitura do capítulo 2 do livro: Proclamando uma Teologia Centrada na Cruz, escrita por Thabiti M. Anyabwile.