Sangue do meu sangue

Talvez você já tenha escutado esta expressão aparentemente inofensiva: “Fulano é sangue do meu sangue”. Esta é uma declaração que está repleta de sentimentos nas entrelinhas, pois denota todo o orgulho de um clã, transmite o brio de uma genealogia, a altivez de um brasão familiar e até mesmo alude a uma afeição insana que conhecemos como racismo.

Pertenço aos “Pereiras”, sou descendente de “judeu”, sou branco com orgulho etc... Note que todas estas identificações são sempre o conteúdo de brados soberbos. Uma espécie de grito ou hino dos que de alguma forma se acham superiores. O que desejo chamar sua atenção é que qualquer aparência com Hitler e a superioridade dos arianos não é mera coincidência, pois foi exatamente este tipo de ideologia que impulsionou o Füller ao holocausto no 3º Reich.

Há pouco tempo atrás, ouvi uma afirmação que a ideologia do “sangue do meu sangue” é uma espécie de paralelo com a expressão bíblica mencionada no livro de Gn. 2:23  “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne...” Sim, precisamos reconhecer que existe certa analogia semântica, mas logicamente que no caso do facínora alemão, ele não se utilizou de um embasamento bíblico, pois suas ações têm como pressupostos a filosofia ateísta e a pureza da raça (seletividade e sobrevivência dos biologicamente mais fortes) - teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin.

Apesar da aparência superficial das asserções, quando Adão pronunciou: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” ele não teve como propósito o orgulho racial ou um sentimento de superioridade. O primeiro homem, com aquele brado, estava demonstrando alegria e a gratidão pela providência de Deus. Ele agora tinha alguém para compartilhar sua vida, sua solidão finalmente tinha acabado. E se atentarmos para o texto bíblico, podemos até notar que Eva não era sangue de seu sangue, mas costela de sua costela, kkkkkkk.

     Com o mínimo de discernimento, podemos facilmente detectar que o objetivo da afirmação de Adão está muito distante de um orgulho pecaminoso que acaba por embasar o preconceito e o racismo. Lembre-se que o pecado ainda não tinha adentrado no Éden até esta declaração de Adão.

Estou trazendo esta temática para refletirmos um pouco, pois sempre me deparo com este tipo de orgulho “santo” que acaba levando as pessoas a uma atitude de menosprezo em relação a outros grupos. Cuidado com estas ideias anticristãs escondidas no seu coração, que são transmitidas inconscientemente por seus lábios. Se você é cristão, gostaria que pensasse menos no conceito de raça (conceito biológico) e se aprofundasse mais no conceito de etnia (conceito cultural). Cuidado com as filosofias ateístas cingidas de pele cristã!

Atente que biblicamente somos todos unidos a Adão por sermos a imagem e semelhança de Deus. Toda a humanidade possui a mesma ancestralidade, e posso garantir que não é “Macaquiana”, e sim, Adâmica. Você é negro, branco, amarelo ou índio? Saiba que é meu irmão em Adão, ou seja: É sangue do meu sangue! Agora sim, é neste sentido que a expressão pode ser utilizada, não como sectária e sim como  agregadora. Pare para pensar por um instante e notará que somos mais parecidos do que possamos imaginar, pois somos solidários, até mesmo, no pecado original, mas este é um assunto para outro Post.

Alarguemos nossas fronteiras "racistas/preconceituosas", pois somente assim, poderemos cumprir a ordem dada por Cristo na grande comissão, Mt.28:19 - "Ide, portanto, fazei discípulos de TODAS as nações". Indico com veemência a leitura do capítulo 2 do livro: Proclamando uma Teologia Centrada na Cruz, escrita por Thabiti M. Anyabwile.

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