A VITÓRIA DE CRISTO
Ele estava nos braços da morte. Suas últimas palavras lutavam para se libertar de seus lábios arroxeados. A respiração era ofegante. Os olhos baços e enevoados. A face empalidecida. A voz dissonante. A vida se apagava como uma vela que chega ao fim. Aqueles eram seus últimos momentos. Sua missão parecia naufragar. Faltava apenas o último suspiro. A coroa de espinhos se incumbia de pintar sua face de escarlate. Momentos torturantes, segundos agonizantes, dor lancinante um desbarato infante.
O quadro era tenebroso. Parecia que tudo tinha sido em vão. Assassinaram o Senhor da vida com a mais vergonhosa das penas romanas. Julgamento injusto repleto de sofreguidão. Cristo era o maldito preso a um madeiro. Abandono, traição, solidão, uma cruz horripilante, uma prisão... A atmosfera era maligna. Gargalhadas ecoavam pelo monte. Satanás estava inebriado. Experimentava um cálice transbordante de satisfação por apreciar aquele cenário fúnebre e de cadavérica sensação.
Mas havia algo disforme no Gólgota. Inexplicavelmente o ar estava aromatizado de amor sacrificial. Exalava das chagas de Cristo uma delicada fragrância de vida celestial. Havia no monte da caveira um sentimento paradoxal. Satanás não percebia, mas o penhor da morte era gravado em um vitral. O calcanhar mordido de Cristo se tornava a pisadura na serpente em instância final.
Os principados e potestades foram expostos. Toda a nudez descoberta. Vergonha, humilhação, uma cruel sensação. O riso diabólico se tornou em pranto. O folguedo em canto fúnebre. Houve triunfo, houve triunfo! Cristo venceu a morte. O que parecia uma vitória avassaladora do mal, não passava da mais horrenda derrota eternal.
Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (I Co.15:55)
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